Projecto Arquivos e Estudos do Miguelismo

Cadaval, 6.º duque de

Daniel Estudante Protásio (Centro de História da Universidade de Lisboa)
 
 O 6º duque de Cadaval (1799-1837) foi o segundo Marechal do Exército de D. Miguel, graduado nessa patente ao mesmo tempo que o Marechal 1º visconde de Veiros, a 26 de Outubro de 1832.
 
É a principal figura da política do tempo de D. Miguel (1828-1834), enquanto:
 
  • chefe da nobreza;
  • conselheiro de Estado desde 1823;
  • membro da regência em 1826;
  • presidente da câmara dos pares em 1826;
  • presidente do conselho de ministros entre 1828 e 1831;
  • condestável do reino aquando das cortes tradicionais de Lisboa de 1828.
Coronel-general dos Voluntários Realistas, é desde 26 de Maio de 1828 marechal-de-campo graduado do Exército. Porquê? Para liderar as forças militarizadas dos Voluntários Realistas, combatentes dos rebeldes liberais da guerra civil da Belfastada. E, uma vez esta concluída, reprimir quaisquer manifestações de liberdade de opinião por parte da população portuguesa, a favor do liberalismo.
 
Num segundo momento, a 26 de Outubro de 1832, é promovido a Marechal graduado do Exército. Com um objectivo estratégico: a de este conselheiro de Estado supervisionar os tenentes-gerais comandantes das tropas estacionadas na capital e nas fortalezas do Tejo e do Sado, ameaçadas pelo exército libertador do duque de Bragança, que ocupa o Porto desde Julho de 1832. D. Miguel encontra-se, com o Exército de Operações sobre o Porto, no norte do país. O duque está encarregue de proteger a capital, na ausência do monarca.
Vai pertencer ao duque de Cadaval a decisão política de abandonar Lisboa perante as forças do duque da Terceira, inferiores numericamente às miguelistas, mas que a aproximação da esquadra de Charles Napier, vencedora da batalha do cabo de São Vicente, poderia transportar com facilidade para a margem norte. Por isso Cadaval – tal como de resto, o conde de Barbacena – perde o protagonismo público, de Agosto de 1833 até Maio de 1834, época da convenção de Évora-Monte. Exila-se com os dois irmãos, duque de Lafões e marquês honorário de Cadaval, em Paris, onde morre em 1837, antes de chegar aos quarenta anos.
 
FONTES
 
COSTA, Coronel António José Pereira da, Os Generais do Exército Português, II Vol., I T., Lisboa: Biblioteca do Exército, 2005, nº 19-0332, p. 207.
LOBO, D. Francisco Alexandre (Bispo de Viseu), Resumida notícia da vida de D. Nuno Álvares Pereira Caetano de Melo, sexto duque de Cadaval, Paris: Tipografia de Casimir, 1837.
PROTÁSIO, Daniel Estudante, “A Casa Cadaval e os acontecimentos político-militares de 1801-1833”, Actas do XXVII Congresso de História Militar, Lisboa, Comissão Portuguesa de História Militar, 2019, pp. 347-361.

_____________________, “Análise histórico-prosopográfica da correspondência dirigida pelos duques de Cadaval e Lafões ao 2º visconde de Santarém (1832-1833)”, Mátria Digital nº 8, Novembro de 2020-Outubro de 2021, pp. 211-245, https://matriadigital.cm-santarem.pt/…/arq…/106-ensaio-8

Section Title

Teatro

Josiane Nunes Machado Sampaio (Doutoranda – Pós-Graduação em História Social, FFLCH/Universidade de São Paulo ). A ampliação do mercado teatral luso-brasileiro e da imprensa relaciona-se ao...

Corpo de Voluntários Realistas

Luciano Abade (Universidade Nova de Lisboa), com Daniel Estudante Protásio (Centro de História da Universidade de Lisboa)   A aclamação de D. Miguel como rei de Portugal pelas cortes...

Silva, D. Estêvão Teles da (Principal Silva)

D. Estêvão Teles da Silva, Principal da Igreja Patriarcal de Lisboa, celebra, a 1 de Agosto de 1820, o matrimónio dos duques de Cadaval, na Sé Patriarcal de Lisboa (GAZETA DE LISBOA 1820: 2 .) Assina...

Chaves, 1º marquês de (e 2.º conde de Amarante)

Daniel Estudante Protásio (Centro de História da Universidade de Lisboa) Manuel da Silveira Pinto da Fonseca Teixeira, 2.º conde de Amarante e 1.º marquês de Chaves, nasce na Rua do Sabugueiro (hoje...

Trás-os-Montes e Douro Vinhateiro

A região de Trás-os-Montes e Douro Vinhateiro é rica em figuras da elite nobiliárquica e eclesial associadas ao miguelismo. Entre as que se conseguem identificar, podem ser elencadas as seguintes:...

Casas, palácios e solares aristocráticos

Em Portugal Norte Entre Lima e Minho Trás-os-Montes e Douro Vinhateiro Douro Literal Centro Beiras (Alta, Baixa e Litoral) Sul Estremadura Ribatejo Alentejo (Alto e Baixo) Algarve...

Nazaré, D. Frei Joaquim de Nossa Senhora da (Bispo de Coimbra)

Daniel Estudante Protásio (Centro de História da Universidade de Lisboa) D. Frei Joaquim de Nossa Senhora da Nazaré, bispo de Coimbra e conde de Arganil, nasce no Sítio da Nazaré a 12 de Maio de 1776...

Braço do Clero

Membros do Braço do Clero às cortes tradicionais de Lisboa de 1828 Daniel Estudante Protásio (Centro de História da Universidade de Lisboa) Patrício, Cardeal-Patriarca. Silva, D. Frei Patrício da...

Cortes tradicionais de Lisboa de 1828

Braços  do Clero da Nobreza dos Povos Cronologia Locais de reunião  ...

Deixe um comentário