Daniel Estudante Protásio (Centro de História da Universidade de Lisboa)
D. Vasco Manuel de Figueiredo Cabral da Câmara, 1.º conde de Belmonte, nasce a 29 de Março de 1767 e morre a 10 de Janeiro de 1830 (a poucos meses de completar 63 anos), filho único de D. Pedro da Câmara Figueiredo Cabral (veador da rainha Dona Maria I e gentil-homem da Câmara do príncipe Dom João), e de D. Mariana de Meneses (da Casa Senhorial dos marqueses de Valada).
Fidalgo da Casa Real, morgado da Ota, de Belmonte e de Santo André, gentil-homem da Câmara de Dom João VI, porteiro-mor da Casa Real, deputado da Junta dos Três Estados, presidente da Junta da Administração dos Tabacos, tenente-coronel de Cavalaria e par do reino, grã-cruz da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa e da Torre e Espada.
Casa, a 17 de Janeiro de 1795, aos 27 anos, com D. Jerónima Margarida de Noronha, dama da rainha Dona Maria I.
É agraciado com o título condal por decreto de 13 de Maio de 1805 (aniversário natalício do príncipe regente) e portaria de dia 18 seguinte. Tinha, então, 38 anos.
Em Outubro de 1807, perante o perigo de uma invasão por tropas francesas, o 1.º conde de Belmonte é uma das figuras envolvidas no processo, despoletado por António de Araújo de Azevedo (futuro conde da Barca), para conduzir o príncipe herdeiro, Dom Pedro de Alcântara, e outros membros da família real portuguesa (entre eles, a princesa-viúva do Brasil), em direcção ao Brasil. Conforme relata o visconde de Santarém em 1841,
Tout à été préparé pour le départ de dom Pedro; les officiers de sa maison étaient nommés, et le comte de Belmonte reçut des lettres patentes de gouverneur du prince, emploi de la plus haute importance, qui n’avait été accordé à personne durant la minorité de Sébastien, au XVI siècle, lors la nomination du célèbre dom Aleixo de Meneses (SANTARÉM 1910 II: 332, n. 15).
Ou seja, o conde de Belmonte recebe cartas patentes para ser preceptor do jovem príncipe, o qual ficaria encarregue de governar o Brasil, sob a direcção do conde, enquanto Dom Pedro de Alcântara fosse menor.
Par do reino por carta de 30 de Abril de 1826,
de que prestou juramento e tomou posse em sessão de 31.10.1826. Não se encontram intervenções parlamentares (CASTRO 2002 I: 342).
Figura, enquanto conde porteiro-mor, no braço da nobreza às cortes tradicionais de 1828 (SANTARÉM 1919 V: 524 e SANTOS 1887 IV: 774).
FONTES
– CASTRO, Zília Osório de, Dicionário do Vintismo e do Primeiro Cartismo (1821-1823 e 1826-1828)» vol. II, Lisboa: Assembleia da República/Edições Afrontamento, 2002, pp. 322-323 e 735-736.
– SANTARÉM, 2.º Visconde de, Opúsculos e Esparsos. Coligidos e coordenados por Jordão de Freitas e novamente publicados pelo 3º Visconde de Santarém, vol. II, Lisboa: Imprensa Libânio da Silva, 1910, p. 332, n. 15.
– ______________________________, Correspondência do… coligida, coordenada e com anotações de Rocha Martins (da Academia das Ciências de Lisboa) publicada pelo 3º visconde de Santarém, vol. V, Lisboa, Alfredo Lamas, Mota e Cª, 1919, p. 524.
– SANTOS, José Clemente dos, Documentos para a História das Cortes Gerais da Nação Portuguesa, vol. IV, Lisboa: Imprensa Nacional, 1887, pp. 716-717 e 773-774.
– ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins, Nobreza de Portugal: bibliografia, biografia, cronologia, filatelia, genealogia, heráldica, história, nobiliarquia, numismática. Lisboa: Enciclopédia Editora, vol. II 1984 (2.ª ed.; 1.ª ed. 1961), p. 412.