Daniel Estudante Protásio (Centro de História da Universidade de Lisboa)
D. José Luís Gonzaga de Sousa Coutinho Branco e Meneses nasce a 14 de Outubro de 1797 e falece 11 de Março de 1863 (aos 62 anos de idade), filho dos segundos marqueses de Borba e décimo quartos condes de Redondo.
Tal como tantos outros aristocratas de alto coturno do final do Antigo Regime português, foi oficial de Cavalaria (arma preferida da nobreza militar), assentando praça, enquanto cadete, no Regimento de Cavalaria 4, em 4 de Outubro de 1816 (a poucos dias de completar 19 anos). Por razões desconhecidas, a sua progressão na hierarquia militar é particularmente lenta, para os padrões da época: alferes a 26 de Novembro de 1823 (aos 26 anos) e tenente a 9 de Julho de 1827 (antes de atingir 30 anos), segundo ZÚQUETE III: 200. Porém, CARRILHO 2002: 6, 10 e 88 fornece outras datas: 2.º tenente de Artilharia a 13 de Abril de 1823, 1.º tenente a 23 de Dezembro de 1831 e a capitão a 6 de Novembro de 1833, sendo designado, nesta última data, ajudante-de-campo de Dom Miguel.
Casa a 30 de Maio de 1819 com D. Maria Luísa da Costa (1800-1874), filha dos sextos condes de Soure, e irmã do 7.º titular dessa Casa Senhorial, na qual recai a sucessão da Casa Senhorial de Soure.
Foi vedor da Casa Real.
Sócio da Academia das Ciências de Lisboa.
Acompanha o rei Dom Miguel até ao momento de este partir para o exílio, “recolhendo-se, de seguida, para uma vida completamente retirada na sua quinta do Bonjardim, junto a Belas” (Zúquete III 200).
Amnistiado por decreto de 28 de Maio de 1835, ao qual se refere o ofício de 22 de Março de 1836 (transcrito na Ordem do Exército da mesma data), segundo Carrilho 6 2002: 83 e 88.
Vale a pena ler a extensa, mas completa, transcrição sobre a vida artística deste aristocrata e militar:
Foi o Conde de Redondo um distintíssimo músico, conhecedor e patrono dos músicos mais notáveis do seu tempo. Também os pintores foram objecto do seu maior interesse e protecção e entre estes o grande Domingos António de Sequeira, Leal Moreira, Marcos Portugal e Frei Manuel Marques foram seus familiares e hóspedes no [espaço da quinta do] Bonjardim, onde se formou um centro de amadores e profissionais da música dos mais categorizados. Dedicou-se ao canto e compôs diversas peças musicais, entre elas umas matinas para a festa de São Estêvão, que se realizou em Santarém[,] onde estava o quartel-general de D. Miguel, cantando ele próprio e dirigindo os outros cantores. As festas religiosas musicadas que se fizeram na capela do Bonjardim ficaram célebres nos anais da música sacra em Portugal. Foi irmão honorário e durante algum tempo provedor da irmandade de Santa Cecília. Também organizou uma banda de música dirigida por ele próprio e composta de amadores. O seu desterro voluntário na quinta do Bonjardim, na companhia de artistas-músicos, serviu para se devotar â sua paixão e levar a efeitos admiráveis saraus e festividades. Teve ao seu serviço o afamado cantor José Maria Sabater, seu amigo íntimo, incumbido da educação musical dos seus filhos e dalguns rapazes pobres, que protegia. Copiou diversos livros de coro pelo processo de estampilhagem e ofereceu-os à Sé [de Lisboa] e à basílica dos Mártires, de Lisboa (Zúquete III 200).
Nunca se encarta no título de marquês de Borba, por ser legitimista.
FONTES
– CARRILHO, Luiz Pereira, Os oficiais d’El-Rei Dom Miguel (Introdução e índices Nuno Borrego e António de Mattos e Silva, Lisboa; Edições Guarda-Mor, 2002.
– ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins (Dir., Coord. e Compil.), Nobreza de Portugal e do Brasil, Lisboa, vol. III, 1984 (2.ª ed.; 1.ª ed. 1961), pp. 200 e 402-403.