Daniel Estudante Protásio (Centro de História da Universidade de Lisboa)
Morre, de apoplexia, a 17 de Janeiro de 1832.
Doutor em Teologia pela Universidade de Coimbra.
Deão da Sé de Braga e arcebispo eleito Primaz de Braga. Em 1806 é publicada a Oração fúnebre nas solenes exéquias do Exm-º e Rev.º Sr. D. Fr. Caetano Brandão, arcebispo de Braga, celebradas na catedral da mesma cidade (Lisboa, Imprensa Régia, 4.º de 26 pp.), da sua autoria.
Prelado Ordinário de Tomar.
Assina orações, publicadas em 1808, 1816 e 1818, referentes à restauração do reino de Portugal, recitada em Braga (Coimbra, Imprensa da Universidade, 4.º), pela morte da rainha D. Maria I (Rio de Janeiro, Imprensa Régia, 4.º) e pelo casamento do príncipe D. Pedro, recitada na capela real do Rio de Janeiro (Imprensa Régia, 4.º de 21 pp.). Este último título parece provar que esteve, então, no Brasil.
Mandado sair de Lisboa por ocasião da conspiração da Rua Formosa, em 1822 (Rev. Hist. Ideias vol. 7 p. 531).
Elenco de erros, paradoxos e absurdos que contém a obra intitulada «O Cidadão Lusitano», oferecido à mocidade portuguesa (1822-1823, 4.º de 116 pp.).
Em 1823 é publicada a obra Pastoral do Exm.º Prior-mor da Ordem de Cristo (Lisboa, 4.º), pela qual ficamos a saber que já então ocupa tais funções.
É acusado de ser um dos mentores e de estar implicado numa conspiração contra-revolucionária anti-cartista em Julho de 1826, identificada como a conspiração do prior-mor da Ordem de Cristo (MATTOSO V 73). A esse propósito são publicadas as obras Defesa do prior-mor da Ordem de Cristo (1827) e As minhas observações à carta do doutor Abrantes, Lisboa, Imprensa de Eugénio Augusto, 1828, 8º gr. de 29 pp. (ambas anónimas), que Francisco Inocêncio da Silva identifica como sendo da sua autoria (INOCÊNCIO V 218-218, n.ºs 300 e 301). .
Correspondente da Academia das Ciências a 1 de Julho de 1831 (https://arquivo.acad-ciencias.pt/descriptions/589).
Aparece como procurador por Tomar, no braço do povo, no juramento a D. Miguel, aquando das cortes de Lisboa de Julho de 1828, enquanto Luís, prior-mor da Ordem de Cristo (SANTARÉM 1919 V 528).
A 27 de Agosto de 1830 é sugerido, pela facção ultra, para ministro da Justiça, como substituto de Barbosa de Magalhães (ANTT, MNEJ, mç sem rótulo, macete 4).
É-lhe atribuída a autoria do conjunto de 19 cartas publicadas pela Imprensa Régia, em 1830 e 1831, sob o título de Cartas de não sei quem a outro que tal.
Na obra Memórias com o título de Anais, para a história do tempo que durou a usurpação de D. Miguel, José Liberato Freire de Carvalho (1772-1855) escreve sobre este prelado:
No dia 17 deste mesmo mês morreu em Lisboa uma insigne monstruosidade moral e politica, que foi o prior-mor de Cristo, D. Luís [António Carlos] de Mendonça Furtado. Foi este homem, desde a sua mocidade, um agregado de vícios, e depois tomou sempre uma parte mui activa em todas as conspirações, que se tramaram, e efectuaram, contra a liberdade. Filho bastardo do ramo segundo da Casa de Barbacena, teve logo um notável lugar na jerarquia eclesiástica, que foi o de deão de Braga; e ali a sua vida pública foi uma constante série de intrigas contra um dos mais veneráveis prelados que tem tido a igreja portuguesa, que foi o respeitável arcebispo D. Fr. Caetano Brandão [o qual exerceu funções entre 1790 e 1805]. De ali passou a ser nomeado prior mor de Cristo; e ultimamente havia sido nomeado pelo usurpador D. Miguel arcebispo de Braga, isto é, daquela mesma igreja que ele antes tinha escandalosamente maculado com seus mãos costumes e intrigas. Morreu, contudo, sem ter tido tempo para ir novamente macular o arcebispado com sua escandalosa presença (LIBERATO 1842 III: 145-146).
FONTES
– ANTT, Ministério dos Negócios Eclesiásticos e da Justiça (MNEJ), maço sem rótulo, maço 10, macete 4 (documentos inumerados). Devo esta informação à amável generosidade do Dr. Sampaio e Melo, da Faculdade de Direito de Lisboa.
– Defesa do prior-mor da Ordem de Cristo, Lisboa, fól.: Nova Imprensa Neviana: 1827, 33 pp. (+ 1 de erratas; anónimo).
– As minhas observações à carta do doutor Abrantes, Lisboa: Imprensa de Eugénio Augusto, 1828, 8º gr. de 29 pp. (anónimo).
– CARVALHO, José Liberato, Memórias com o título de Anais, para a história do tempo que durou a usurpação de D. Miguel, Lisboa: Imprensa Neviana: 1842, t. III.
– SANTARÉM, 2.º Visconde de, Correspondência do… Coligida, coordenada e com anotações de Rocha Martins (da Academia das Ciências de Lisboa). Publicada pelo 3º Visconde de Santarém. Vol. V, Lisboa: Alfredo Lamas, Mota e Cª, Editores, 1918.
– SILVA, Francisco Inocêncio da, Dicionário Bibliográfico Português. Estudos de… relativos a Portugal e ao Brasil, t. V, Lisboa: Imprensa Nacional, 1860.
– https://arquivo.acad-ciencias.pt/descriptions/589.