Daniel Estudante Protásio (Centro de História da Universidade de Lisboa)
D. José Maria de Figueiredo Cabral da Câmara, 2.º conde de Belmonte, nasce a 15 de Dezembro de 1800 e morre a 5 de Abril de 1834 (aos 33 anos), filho único dos primeiros condes.
Recebe o título condal, por uma vida, a 4 de Julho de 1806, aos 5 anos de idade, depois de o pai ser agraciado com idêntica mercê a 13 e 18 de Maio de 1805.
Em Outubro de 1807, perante o perigo de uma invasão por tropas francesas, o 1.º conde de Belmonte, seu pai, recebe as cartas patentes para ser tutor do príncipe herdeiro, Dom Pedro de Alcântara, designado para governar o Brasil, tal como, de certo modo, D. Aleixo de Meneses foi designado perceptor do rei Dom Sebastião em testamento de Dom João III (SANTARÉM 1910 II: 332, n. 15).
Assenta praça enquanto cadete a 9 de Dezembro de 1809 (dias antes de completar 9 anos), sendo promovido, poucos meses passados, a alferes a 24 de Junho de 1810.
Parte para o Brasil com a Divisão de Voluntários Reais (a qual desembarca no Rio de Janeiro a 30 de Março de 1816), liderada pelo tenente-general Carlos Frederico Lécor, regressando a Portugal em 1822.
Aquando da coroação de Dom João (a 6 de Fevereiro de 1818), é o 2.º conde de Belmonte promovido a tenente, aos 17 anos. A 15 de Setembro (ou Dezembro) de 1819 ascende ao posto de capitão.
Contrai matrimónio a 24 de Novembro de 1820 com D. Maria Domingas de Castelo Branco, filha dos segundos marqueses de Belas, do qual nasce o 3.º conde de Belmonte (1829-1870),
grande amador tauromáquico, distinguindo-se como bandarilheiro nas corridas fidalgas da época (ZÚQUETE II: 412-413).
É nomeado ajudante-de-campo de Dom Miguel a 15 de Junho de 1828.
Oito dias depois (a 23), no auto de abertura dos Três Estados, das cortes tradicionais de Lisboa, o 2.º conde de Belmonte, camarista da semana, actuando enquanto camareiro-mor,
ficou em pé detrás da cadeira de Sua Alteza (SANTOS 1887 IV: 716-717).
Está presente no braço da nobreza das mesmas cortes (SANTARÉM 1919 V: 525).
Promovido a major a 9 de Setembro de 1831 (aos 30 anos), a tenente-coronel a 3 de Outubro de 1833 (aos 32) e a coronel a 21 de Novembro seguinte, com exercício de ajudante-de-ordens do rei (CARRILHO 2002: 5 e 14).
FONTES
– CARRILHO, Luiz Pereira. Os Oficiais d’El-Rei Dom Miguel, Lisboa: Edições Guarda-Mor, 2002 (reedição fac-similada da 1ª edição, de 1856), pp. 5 e 14.
– SANTARÉM, 2.º Visconde de, Opúsculos e Esparsos. Coligidos e coordenados por Jordão de Freitas e novamente publicados pelo 3º Visconde de Santarém, vol. II, Lisboa: Imprensa Libânio da Silva, 1910, p. 332, n. 15.
– ______________________________, Correspondência do… coligida, coordenada e com anotações de Rocha Martins (da Academia das Ciências de Lisboa) publicada pelo 3º visconde de Santarém, vol. V, Lisboa, Alfredo Lamas, Mota e Cª, 1919, p. 524.
– SANTOS, José Clemente dos, Documentos para a História das Cortes Gerais da Nação Portuguesa, vol. IV, Lisboa: Imprensa Nacional, 1887, pp. 716-717.
– ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins, Nobreza de Portugal: bibliografia, biografia, cronologia, filatelia, genealogia, heráldica, história, nobiliarquia, numismática. Lisboa: Enciclopédia Editora, vol. II 1984 (2.ª ed.; 1.ª ed. 1961), p. 412.