Daniel Estudante Protásio (Centro de História da Universidade de Lisboa)
Salvador Correia de Sá e Benevides (1801-1873) é filho dos quintos viscondes de Asseca e irmão do 6.º titular (1786-1844) dessa Casa Senhorial. Tal como o visconde, Salvador e o seu irmão Manuel Correia de Sá e Benevides (1802-1877) ocuparam funções diplomáticas aquando da regência e reinado de Dom Miguel.
É capitão dos Voluntários Realistas e ajudante-de-campo de D. Miguel (CARRILHO 2002: 5).
Em Julho-Agosto de 1828 são enviados para Londres dois irmãos do 6.º visconde de Asseca, Embaixador Extraordinário e Ministro Plenipotenciário português: Salvador Correia de Sá e Benevides, enquanto secretário da legação de Berlim em trânsito, e o alferes Manuel Correia de Sá e Benevides, como correio particular (Arquivo da Academia Portuguesa de História, “Cartas do visconde de Santarém para o de Asseca (1828-1831)”, Confidencial nº 5, de 2-8-1828, fl. 4 v.).
Em ofício do visconde de Asseca endereçado ao visconde de Santarém, de 3 de Outubro de 1829, escreve o primeiro, acerca do irmão, Salvador:
Não perderei, pois, ocasião de ver se posso promover o melhoramento da sua actual posição” de secretário de legação de Berlim, possivelmente, para chefe de missão noutra capital (Arquivo da Academia Portuguesa de História, “Cartas do visconde de Santarém para o de Asseca (1828-1831)”, Nº 72 Particular, de 3-10-1829, fl. 1 v.).
Porém, Salvador Correia de Sá e Benevides permanece na Prússia até pelo menos até 1833.
O conde da Ponte denuncia, a 17 de Abril de 1833, a atitude do secretário de legação de vir “em direitura a Braga e não a Lisboa”, sem ordens para tal. Escreve ao visconde de Santarém sem o respeito devido “a um Conselheiro de Estado e ao Ministro da sua Repartição, que não só é o seu chefe, mas que até, segundo todos os usos diplomáticos, é considerado o chefe dos embaixadores e ministros estrangeiros [com colocação em Lisboa]”. Para além da inverosimilhança de supostas declarações que, na capital francesa, “os ministros das grandes potências [Áustria, Prússia e Rússia]” lhe teriam feito sobre “os princípios das suas cortes em relação à política que iam adoptar (SANTARÉM 1919 V, 58-59 e 63-66).
Envolve-se em várias tentativas, posteriores ao exílio de Dom Miguel,
para salvar os restos do empréstimo internacional contraído durante a sua governação (MÓNICA 1997: 53).
Permanecendo em Berlim, enquanto agente miguelista, Salvador Correia de Sá e Benevides procura, desde Abril de 1835, que Dom Miguel saía de Roma e mude a sua corte para a capital da Prússia. Quando António Ribeiro Saraiva visita o príncipe de Metternich em Viena de Áustria, em 1837, procura apoio para tal projecto (MÓNICA 1997: 55; 59 e n. b; 60; 65; 66).
Entre 34 e 40, a principal clivagem entre os miguelistas, a nosso ver, era a diferente perspectiva acerca do passado nacional e do que deveria ser o futuro, preferindo uns, como Salvador Correia de Sá [e Benevides] e os mais chegados a D. Miguel, um governo sem cortes, ao passo que A.R. Saraiva e o seu grupo queriam o retorno de uma suposta tradição, de cortes, que consideravam representativa (MÓNICA 1997: 167).
Por volta de 1841, António Ribeiro Saraiva e o irmão do 6.º visconde de Asseca haviam-se tornado rivais (MÓNICA 1997: 68).
Contrai matrimónio, em data desconhecida, com Mariana Wilchman.
FONTES
Manuscritas
Arquivo da Academia Portuguesa de História
– “Cartas do visconde de Santarém para o de Asseca (1828-1831)”, 154 documentos.
Impressas
– CARRILHO, Luiz Pereira, Os oficiais d’El-Rei Dom Miguel (Introdução e índices Nuno Borrego e António de Mattos e Silva, Lisboa; Edições Guarda-Mor, 2002, p. 5.
– MÓNICA, Maria Teresa, Errâncias Miguelistas (1834-43), Lisboa, Edições Cosmos, 1997, pp. 53, 55, 59 e n. b), 60, 65, 66 e 167.
– SANTARÉM, 2.º Visconde de, Correspondência do… coligida, coordenada e com anotações de Rocha Martins (da Academia das Ciências de Lisboa) publicada pelo 3º visconde de Santarém, vol. V, Lisboa, Alfredo Lamas, Mota e Cª, 1919.