Projecto Arquivos e Estudos do Miguelismo

Seca, 1.º barão de Vila

Daniel Estudante Protásio (Centro de História da Universidade de Lisboa)

Rodrigo Navarro de Andrade, 1.º barão de Vila Seca, é o quinto de catorze irmãos, filhos de Sebastião Navarro de Andrade (1719-1799), bacharel em Medicina, e de D. Ana Luísa dos Campos Ferreira (1742-1778), conforme informação disponível na plataforma Geneall, por exemplo, em https://geneall.net/pt/nome/175169/vicente-navarro-de-andrade-1o-barao-de-inhomerim.

Rodrigo Navarro de Andrade nasce em Guimarães a 2 de Julho de 1765 e falece em Baden bei Wien (nas imediações da capital austríaca), a 22 de Fevereiro de 1839, com 73 anos.

É irmão de João de Campos Navarro de Andrade (1761-1846), 1.º barão de Sande, e de Vicente Navarro de Andrade (1776-1850), 1.º barão de Inhomerim, no Brasil.

Foi oficial de secretaria do Ministério dos Negócios Estrangeiros, secretário de legação em São Petersburgo, encarregado de negócios na corte de Sardenha, e conselheiro de legação no Congresso de Viena. Em 1817 foi nomeado ministro plenipotenciário e enviado extraordinário [MP/EE] na Corte de Viena, onde se conservou nos reinados de D. João VI, D. Pedro IV, D. Miguel e D. Maria II, até à sua morte (ZÚQUETE III: 532).

É encarregue da missão de pedir a mão da arquiduquesa D. Maria Leopoldina de Habsburgo para o príncipe D. Pedro de Alcântara, acompanhando a noiva até Liorne (Livorno, na Toscânia), local de embarque para o Rio de Janeiro.

Casa, em Viena de Áustria, a 8 de Junho de 1820, com D. Maria Teresa Catarina Ana von Blumendorf (1781-1849), viúva do conselheiro de Estado Franz von Hudelist e filha José von Blumendorf, conselheiro secreto da chancelaria da corte imperial austríaca.

Procurador de D. Maria da Glória no contrato de esponsais com D. Miguel, em Viena, a 29 de Novembro de 1826 (Brandão 2002: 198).

Escreve o 2.º visconde de Santarém, relativamente ao convite que lhe é dirigido, a 6 de Dezembro de 1826, para suceder ao a D. Francisco de Almeida (futuro conde de Lavradio), enquanto ministro dos Negócios Estrangeiros:

Ignorava eu, também neste momento, o verdadeiro estado das nossas relações com os gabinetes da Grande Aliança e, principalmente, com o de Viena. Apenas sabia que o nosso ministro [diplomático] naquela corte [o barão de Vila Seca] escrevia somente ofícios de gazeta e que sendo, de certo modo, estranhado pelo meu antecessor, tomava na sua resposta um tom imperioso e decisivo = chamando ao ministro [dos Negócios Estrangeiros] jacobino. A importante consideração que este ministro [diplomático] gozava naquela corte me fez acreditar que ele obrava de acordo com os princípios de Viena (SANTARÉM 1827: Mç. 4º, fls. 27-28). 

De 22 de Março a 25 de Agosto de 1828, o MNE, visconde de Santarém, e o representante em Viena, o barão de Vila Seca, existe correspondência diplomática, reproduzida em SANTARÉM 1918 I: 32-309. O barão demite-se de funções, por não concordar com o rumo político e institucional que Dom Miguel dá aos assuntos públicos, nomeadamente, por causa de, na sua interpretação, cometer perjúrio relativamente aos juramentos prestados em Viena de Áustria. Dessa forma, a legação de Viena fica sem representação, até 1834.

Segundo carta de António Ribeiro Saraiva a Vila Seca, datada de 2 de Janeiro de 1838,

Ao que constava, a demissão dada a [marechal-general conde de] Bourmont estava relacionada com a sua insistência, em conselho de D. Miguel, no chamamento dos três Estados (MÓNICA 1997: 234, n. d).

FONTES

– BRANDÃO, Fernando de Castro, História Diplomática de Portugal. Uma cronologia, Lisboa: Livros Horizonte, 2002, p. 198.
– Plataforma GENEALL(https://geneall.net/pt/).
– SANTARÉM, 2.º Visconde de, Memórias Verídicas do meu Ministério durante os 3 Meses que o Exerci (Colecção Visconde de Santarém), maço 4º, fls. 27-28.
– _____________________________, Correspondência do… Coligida, coordenada e com anotações de Rocha Martins (da Academia das Ciências de Lisboa). Publicada pelo 3º Visconde de Santarém, vol. I, Lisboa: Alfredo Lamas, Mota e Cª, Editores, 1918, pp. 32-309.
– ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins (Dir., coord. e compil.), Nobreza de Portugal e do Brasil, vol. III, Lisboa, Editorial Enciclopédia, 1984 (2.ª ed.; 1.ª ed., 1961), p. 532.

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