Daniel Estudante Protásio (Centro de História da Universidade de Lisboa)
Luís António Furtado de Castro de Rio Mendonça e Faro nasce em Lisboa 17 de Novembro de 1754 e morre na mesma cidade a 7 de Abril de 1830, aos 75 anos, filho dos quintos viscondes de Barbacena. Constitui o exemplo perfeito do aristocrata que se evidencia durante reinados e décadas a fio pela sua cultura enciclopédica e conservadorismo político.
Bacharel em direito e doutorado em filosofia (o primeiro doutorado depois da reforma de 1772), substituto de Domenico Vandelli na regência da cadeira de História Natural da Universidade de Coimbra, estudioso e militar de carreira (alcançando a patente de capitão de Cavalaria).
Casa em 1778 com D. Ana Rita José de Melo, filha primogénita do primeiro matrimónio do 1.º marquês de Sabugosa.
Famoso cofundador e 1º secretário da Academia das Ciências, estabelecida a 24 de Dezembro de 1779.
Capitão-general e governador de Minas Gerais, reprime a revolta brasileira da Inconfidência Mineira, em 1789.
Depois de dez anos de governo, volta à metrópole e é nomeado veador da rainha D. Carlota Joaquina, escrivão da mesa da Misericórdia de Lisboa e presidente da Mesa da Consciência e Ordens.
Faz parte da deputação enviada a Baiona em 1808, para saudar Napoleão I, ficando prisioneiro dos franceses até 1814.
É agraciado com a elevação a conde de Barbacena a 23 de Novembro de 1816.
Conselheiro de Estado por decreto de 4 de Julho de 1823, após a Vila-Francada. Censor régio.
Aquando da Abrilada (1824), o memorialista marquês de Fronteira, repreendido por Barbacena, insurge-se contra o seu conservadorismo: “Parece impossível que um homem tão instruído e com tão boas qualidades […] fosse tão exaltado e faccioso!” (FRONTEIRA, “Parte II – 1818 a 1824”: 381).
Presidente da junta régia de 5 de Junho de 1824, estabelecida para convocação das cortes tradicionais, na qual o 2.º Visconde de Santarém é secretário (SANTARÉM 1910 I 475-476 e SANTARÉM 1824 “1ª Parte”: 19, n. 66).
Nomeado par do reino aquando do Primeiro Cartismo (1826), não chega a ocupar o lugar.
Representado pelo filho, o 2.º conde, no braço da nobreza aquando das cortes de Junho e Julho de 1828.
FONTES
– CASTRO, Zília Osório de (Dir.). 2002. Dicionário do Vintismo e do Primeiro Cartismo (1821-1823 e 1826-1828). Lisboa: Assembleia da República/Edições Afrontamento. vol. I, pp. 606-607.
– FRONTEIRA, Memórias do Marquês de… e d’Alorna, D. José Trazimundo Mascarenhas Barreto, Ditadas por Ele Próprio em 1861, Revistas e Comentadas por Ernesto de Campos de Andrade, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1926, “Parte II – 1818 a 1824”, p. 381. – SANTARÉM, 2.º Visconde de, Memórias para a História, e Teoria das Cortes Gerais, Lisboa, Impressão Régia, Parte 1ª, 1827. – _______________________, Opúsculos e Esparsos. Coligidos e coordenados por Jordão de Freitas e novamente publicados pelo 3º Visconde de Santarém. Vol. I. Lisboa: Imprensa Libânio da Silva, 1910.
– ______________________, Correspondência do… Coligida, coordenada e com anotações de Rocha Martins (da Academia das Ciências de Lisboa). Publicada pelo 3º Visconde de Santarém, vol. V, Lisboa, Alfredo Lamas, Mota e Cª, Editores, 1919, p. 525.
– ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins, Nobreza de Portugal: bibliografia, biografia, cronologia, filatelia, genealogia, heráldica, história, nobiliarquia, numismática. Lisboa: Enciclopédia Editora, vol. II 1984 (2.ª ed.; 1.ª ed. 1961), p. 372.
– Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Lisboa/Rio de Janeiro, Editorial Enciclopédia Limitada, s.d., vol. IV, p. 170.