O SIF (Sistema de Informação Familiar) consiste num conceito operativo agregador de informação arquivística relativa a um núcleo familiar específico, pelo qual se consiga discernir o parentesco de uma multiplicidade de figuras históricas, facilitando a consulta e compreensão informacional integrada.
Deste modo, a genealogia, a história social e das elites, a história institucional e política e a teoria das ideias podem facilitar uma leitura histórica e informacional cerzida com linhas orientadoras e explicativas de maior resistência e fiabilidade ao desgaste da passagem do tempo e à renovação teórica das ciências sociais e humanas.
No caso vertente dos Arquivos Familiares e Pessoais estamos perante um Sistemas de Informação organizado ou operatório, cujo pólo estruturante e dinamizador é uma entidade – Família e Pessoa, cada qual com estrutura própria e acção fixada sempre por objectivos diversos, uns perenes e outros mutáveis. Aplica-se, assim, a teoria sistémica devidamente adaptada à ontologia do fenómeno informacional e através de um modelo que passaremos a caracterizar nos seus traços essenciais (SILVA 2004: 60).
Um arquivo, melhor dizendo, um sistema de informação (S. I.) familiar remete, como todos os S. I. gerados pelos seres humanos, para uma estrutura orgânica. Os autores de Arquivística… (vol. 1) tipificaram, quanto ao vector estrutura, duas espécies ou categorias: os unicelulares– todos os que assentam numa estrutura organizacional de reduzida dimensão, gerada por uma entidade individual ou colectiva, sem divisões sectoriais para assumir as respectivas exigências administrativas; e os pluricelulares– todos os que assentam numa média ou grande estrutura organizacional, dividida em dois ou mais sectores funcionais, podendo mesmo atingir uma acentuada complexidade (SILVA 2004: 68).
Uma das vantagens de um site como a plataforma do PAEM (Projecto Arquivos e Estudos do Miguelismo), na qual podem ser inter-relacionadas informações de diversa natureza, é, por exemplo, obter a perspectiva de que várias gerações de titulares miguelistas coexistem em diversas Casas Senhoriais aristocráticas, nas quais os títulos nobiliárquicos não são renovados por escolha objectiva dos respectivos herdeiros, em desacordo com o regime constitucional restaurado em 1834. Assim, temos os seguintes exemplos de títulos de marquês que conhecem lapsos de uma ou mais gerações, recaindo a continuidade da primogenitura em condes (títulos privativos dessas Casas Senhoriais):
- de marquês de Belas, no conde de Pombeiro;
- de Borba, no de Redondo;
- de Olhão, no conde de Castro Marim;
- de marquês de Penalva, no de conde de Tarouca;
- de Sabugosa, no de São Lourenço;
- de Tancos, no conde de Atalaia.
Este tipo de informação, genealógica, sociológica, patrimonial e familiar, não deixa, por isso, de merecer a atenção da comunidade de estudiosos e de curiosos do fenómeno do miguelismo.
Quanto aos SIF (Sistemas de Informação Familiar), eles podem ser aqui descritos, por ordem alfabética:
- SIF Furtado de Castro do Rio de Mendonça, relativo a titulares e figuras como o 1.º conde (e 6.º visconde) de Barbacena, o 2º conde (e 7.º visconde) de Barbacena, Luís de Paula Furtado de Castro do Rio de Mendonça e D. Diogo de Castro do Rio Furtado de Mendonça (Principal Mendonça). Possivelmente, também a D. Luís Carlos António Furtado de Mendonça (Prior-mor de Cristo).
- SIF Manoel, relativo a titulares como o 4.º marquês de Tancos (e 9.º conde de Atalaia), o 10.º conde de Atalaia, o 1.º marquês (e 2.º conde) de Viana, o 2.º marquês de (e 3.º conde de) Viana, o 1.º conde de Seia, irmãos e sobrinhos entre si. Integra, de outra forma, o 2.º marquês de Belas (e 7.º conde de Pombeiro) e o 2.º marquês de Borba (e 14.º conde de Redondo), casados com irmãs do marquês de Tancos, do 1.º marquês de Viana e do 1.º conde de Seia.
- SIF Melo da Silva César de Meneses, relativo a titulares como o 2.º marquês de Sabugosa (e 8.º conde de São Lourenço) e o 9.º conde de São Lourenço.
- SIF Teles da Silva, relativo a figuras como a José Teles da Silva (Dom Prior de Guimarães), a Manuel Teles da Silva (Prior-mor da Ordem de Avis) e, possivelmente, a Fernando Teles da Silva Caminha e Meneses (4.º marquês de Penalva e 10.º conde de Tarouca).
FONTES
- SILVA, Armando Malheiro da, «Arquivos familiares e pessoais Bases científicas para aplicação do modelo sistémico e interactivo», Revista da Faculdade de Letras Ciências e Técnicas do Património, Porto, I Série, vol. III, 2004, pp. 55-84.